Violência policial na Colômbia

Notícias 4 de Jul de 2021 EN ES

No último mês, soubemos por meio das redes sociais sobre a conduta do governo da Colômbia em relação aos seus manifestantes, que apenas exigem seus direitos, ou seja, que suas vozes sejam ouvidas. A Colômbia, assim como muitos países, possui em sua constituição a garantia em respeitar os direitos humanos, mas desde o nascimento das manifestações em Cali, surgiram algumas dúvidas quanto as ações das forças de segurança utilizadas. Por mais incrédulo que possa parecer, os governos central e regional não têm qualquer intenção de parar a escalada da violência, permanecendo indiferentes quanto aos feridos e mortos durante os conflitos.

Cabe ressaltar que não houve um consenso para permitir o ingresso da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para investigar a violação contínua dos direitos humanos no contexto dos protestos sociais.

As ordens absurdas dadas pelo Estado acabam incentivando assassinatos em plena luz do dia, custando as vidas tanto de manifestantes como também de integrantes das forças policiais, que se infiltram para causar conflitos e acabam mortos. Tais ações realizadas pelo Estado evidenciam a ignorância quanto as diretrizes propostas pelos direitos humanos. Desta maneira, devemos analisar quais são os pontos principais que tornam a situação ainda mais prejudicial a população.

Povo vs Povo

Cali, epicentro do movimento social da paralisação nacional em 28 de abril iniciou o protesto social em cenários pacíficos, levando em conta a realidade pandêmica que ultrapassava a marca de 90% de leitos ocupados. As marchas eram compostas, em maioria, por estudantes de universidades públicas, como a Universidade del Valle e a Universidade Nacional da Colômbia. Os conflitos gerados exigiram, inclusive, a criatividade dos manifestantes para protestar, já que as ordens do Estado os forçaram a isso.


Em uma postagem, Álvaro Uribe Vélez ordenou a execução extrajudicial de civis que protestavam pacificamente. Isso ocorreu após uma mobilização que tinha o objetivo de deletar a conta do Twitter do ex-presidente.

Alguns vídeos difundidos nas redes sociais destacam a gravidade do assunto, devido à ação de má fé da polícia através do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (ESMAD) e do Grupo de Operações Especiais (GOES), ambos regulados pelo Ministério de Defesa Nacional, comandado por Diego Andrés Molano Aponte - o qual permanece inerte desde o início das manifestações nacionais.


Como consequência dos fatos citados acima, os abusos se intensificaram a ponto de haver uso do VENOM, um dispositivo armamentício que tem como objetivo dispersar quem causa distúrbios menores. No entanto, há relatos que o objeto foi usado para lesionar e causar a morte de manifestantes.

Há também grande influência dos grupos paramilitares compostos por civis, militares e policiais com ideologias fascistas e com a legitimidade de silenciar as vidas dos manisfestantes.
Um caso conhecido é o do André Escobar, morador do exclusivo "Ciudad Jardín", que usou como justificativa proteger seu património privado para dar início em uma luta armada contra os manifestantes; as autoridades não assumiram responsabilidade pelos atos de André e o mesmo continua com sua conduta criminosa que mina o bloco constitucional colombiano.

Os então nominados vândalos, foram estigmatizados como os culpados pelos danos materiais na cidade, no entanto, algumas provas apontam que as autoridades políciais estão por trás de tais ações. Muitos massacres também foram gravados ao vivo.


Um caso reconhecido é também o oficial do Corpo de Investigação Técnica - CTI,  Fredy Bermudez Ortiz, ligado à Procuradoria-Geral que foi linchado no sector da Lua em Cali após sacar uma arma e matar dois civis nos pontos de resistência de Cali, a população enfurecida o apedrejou e sua morte foi observada e registrada ao vivo.

Neste ponto, podemos ver que os grandes empresários e líderes governamentais não estão envolvidos em honrar a memória dos mortos, independentemente do lado que estejam, mesmo o Procurador-Geral da Nação Francisco Barbosa sem lamentar a morte do seu oficial exerce uma passividade alarmante perante a dissociação disto com referência aos fatos, ele próprio confirmou que o seu oficial não estava em horário de serviço e não tinha autorização para abrir fogo sobre os manifestantes, contudo, entre os seus pertences foram encontrados documentos valiosos devido à sensibilidade da informação, muitos deles acreditando o seu treino militar e o salvo-conduto como arma lateral.


Em Calipso, situado no leste de Cali, o grupo de supermercados Éxito emprestou as suas instalações para a detenção de manifestantes civis, onde massacres e mortes ocorreram em seu interior. Os observadores dos direitos humanos encontraram manchas de sangue, algumas paredes ensanguentadas e cartuchos de espingardas pertencentes à SIPOL e ao DIJIN, agências de inteligência ligadas à polícia nacional.

No sul de Bogotá, em 29 de Maio, a cabeça decapitada, provavelmente de uma mulher, foi encontrada num saco transparente em uma caçamba de lixo da escola Alfonso López Pumarejo, a localidade de Kennedy estava preocupada e assustada com os lamentáveis acontecimentos atribuídos ao paramilitarismo.


Assim, o povo é confrontado todas as noites, a polícia e os militares são peões que prestam um serviço de segurança privada, Álvaro Uribe Vélez tem em sua fazenda, uma terra fértil, uma força superior a 310 Uniformados (grupos paramilitares de defesa tática) distribuídos nos 123 mil hectares pertencentes, os comandos das Forças Especiais determinam as suas estratégias de segurança chegando a afirmar que estes membros são formados no ultrarrote colombiano com abordagens profundas do fascismo. Esta formação é implementada na Escuela Superior de Guerra - ESDEGUE e na Escuela Militar de Cadetes José María Córdova - ESMIC, na divisão curricular da Doutrina Militar. Os atos que ocorreram têm uma justificação: semear o terror para tornar legais as execuções extrajudiciais.

Existem também células de inteligência e contra-espionagem que recrutam seguidores neonazis para formar grupos paramilitares, mesmo a Terceira Brigada do Exército Nacional - BR3 facilitou a entrega de armas a cidadãos com influências poderosas e mais de 7.000 tropas a serviço da segurança em condomínios, auto-estradas e corredores humanitários, a fim de "proteger" interesses legítimos, muitos deles não completaram nem os vinte anos  e entram nesses grupos sem saberem absolutamente qual é o objetivo dessa guerra civil.

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